sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Começar de Novo - por Luis Fernando Gigena.

Eu tinha medo da escuridão
Até que as noites se fizeram longas e sem luz.
Eu não resistia ao frio facilmente
Até passar a noite molhado numa laje.
Eu tinha medo dos mortos
Até ter que dormir num cemitério.
Eu tinha rejeição por quem era de Buenos Aires
Até que me deram abrigo e alimento.
Eu tinha aversão a Judeus
Até darem remédios aos meus filhos.
Eu adorava exibir a minha nova jaqueta
Até dar ela a um garoto com hipotermia.
Eu escolhia cuidadosamente a minha comida
Até que tive fome.
Eu desconfiava da pele escura
Até que um braço forte me tirou da água.
Eu achava que tinha visto muita coisa
Até ver meu povo perambulando sem rumo pelas ruas.
Eu não gostava do cachorro do meu vizinho
Até naquela noite eu o ouvir ganir até se afogar.
Eu não lembrava os idosos
Até participar dos resgates.
Eu não sabia cozinhar
Até ter na minha frente uma panela com arroz e crianças com fome.
Eu achava que a minha casa era mais importante que as outras
Até ver todas cobertas pelas águas.
Eu tinha orgulho do meu nome e sobrenome
Até a gente se tornar todos seres anônimos.
Eu não ouvia rádio
Até ser ela que manteve a minha energia.
Eu criticava a bagunça dos estudantes
Até que eles, às centenas, me estenderam suas mãos solidárias.
Eu tinha segurança absoluta de como seriam meus próximos anos
Agora nem tanto.
Eu vivia numa comunidade com uma classe política
Mas agora espero que a correnteza tenha levado embora.
Eu não lembrava o nome de todos os estados
Agora guardo cada um no coração.
Eu não tinha boa memória
Talvez por isso eu não lembre de todo mundo,
Mas terei mesmo assim o que me resta de vida para agradecera todos.
Eu não te conhecia
Agora você é meu irmão.
Tínhamos um rio
Agora somos parte dele.
É de manhã, já saiu o sol e não faz tanto frio
Graças a Deus vamos começar de novo.
É hora de recomeçar, e talvez seja hora de recomeçar não só materialmente.
Talvez seja uma boa oportunidade de renascer, de se reinventar
e de crescer como ser humano.
Pelo menos é a minha hora, acredito.
Que Deus abençoe a todos.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Pedido.


Eu venho hoje pedir, não em meu nome, mas em nome de todo o Estado de Santa Catarina, para que todo mundo ajude.


Essas doações são muito importantes, pois essas enchentes também afetaram a todos nós, diretamente. É uma tragédia muito perto de todos e que, com certeza chocou ao país e a quem está sabendo lá fora.


Em pouco tempo vimos o quanto a natureza pode ser traiçoeira e o quanto nós não a damos valor.
Mas é aquele povo, de um Estado tão bonito, quem está sofrendo as piores consequências disso. São eles quem precisam de ajuda.


Doe roupas, sapatos, roupas de cama, produtos de limpeza, de higiene pessoal, alimentos, colchões, dinheiro, o que puder.
Os voluntários recrutados são apenas moradores de lá pois eles não têm abrigos suficientes, então a ajuda de outros Estados fica limitada, mas não bloqueada.
Portanto, peço encarecidamente que mostremos solidariedade a todos aqueles irmãos. Mostremos que Deus fez seus filhos amáveis e generosos.


É só se colocar naquela imagem e tenho certeza que algo mudará.
Lendo isso e doando, não é a mim e nem a si mesmo quem você estará ajudando, mas ao próximo. E não há nada mais nobre, honroso e bonito do que o altruísmo.