sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Começar de Novo - por Luis Fernando Gigena.

Eu tinha medo da escuridão
Até que as noites se fizeram longas e sem luz.
Eu não resistia ao frio facilmente
Até passar a noite molhado numa laje.
Eu tinha medo dos mortos
Até ter que dormir num cemitério.
Eu tinha rejeição por quem era de Buenos Aires
Até que me deram abrigo e alimento.
Eu tinha aversão a Judeus
Até darem remédios aos meus filhos.
Eu adorava exibir a minha nova jaqueta
Até dar ela a um garoto com hipotermia.
Eu escolhia cuidadosamente a minha comida
Até que tive fome.
Eu desconfiava da pele escura
Até que um braço forte me tirou da água.
Eu achava que tinha visto muita coisa
Até ver meu povo perambulando sem rumo pelas ruas.
Eu não gostava do cachorro do meu vizinho
Até naquela noite eu o ouvir ganir até se afogar.
Eu não lembrava os idosos
Até participar dos resgates.
Eu não sabia cozinhar
Até ter na minha frente uma panela com arroz e crianças com fome.
Eu achava que a minha casa era mais importante que as outras
Até ver todas cobertas pelas águas.
Eu tinha orgulho do meu nome e sobrenome
Até a gente se tornar todos seres anônimos.
Eu não ouvia rádio
Até ser ela que manteve a minha energia.
Eu criticava a bagunça dos estudantes
Até que eles, às centenas, me estenderam suas mãos solidárias.
Eu tinha segurança absoluta de como seriam meus próximos anos
Agora nem tanto.
Eu vivia numa comunidade com uma classe política
Mas agora espero que a correnteza tenha levado embora.
Eu não lembrava o nome de todos os estados
Agora guardo cada um no coração.
Eu não tinha boa memória
Talvez por isso eu não lembre de todo mundo,
Mas terei mesmo assim o que me resta de vida para agradecera todos.
Eu não te conhecia
Agora você é meu irmão.
Tínhamos um rio
Agora somos parte dele.
É de manhã, já saiu o sol e não faz tanto frio
Graças a Deus vamos começar de novo.
É hora de recomeçar, e talvez seja hora de recomeçar não só materialmente.
Talvez seja uma boa oportunidade de renascer, de se reinventar
e de crescer como ser humano.
Pelo menos é a minha hora, acredito.
Que Deus abençoe a todos.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Pedido.


Eu venho hoje pedir, não em meu nome, mas em nome de todo o Estado de Santa Catarina, para que todo mundo ajude.


Essas doações são muito importantes, pois essas enchentes também afetaram a todos nós, diretamente. É uma tragédia muito perto de todos e que, com certeza chocou ao país e a quem está sabendo lá fora.


Em pouco tempo vimos o quanto a natureza pode ser traiçoeira e o quanto nós não a damos valor.
Mas é aquele povo, de um Estado tão bonito, quem está sofrendo as piores consequências disso. São eles quem precisam de ajuda.


Doe roupas, sapatos, roupas de cama, produtos de limpeza, de higiene pessoal, alimentos, colchões, dinheiro, o que puder.
Os voluntários recrutados são apenas moradores de lá pois eles não têm abrigos suficientes, então a ajuda de outros Estados fica limitada, mas não bloqueada.
Portanto, peço encarecidamente que mostremos solidariedade a todos aqueles irmãos. Mostremos que Deus fez seus filhos amáveis e generosos.


É só se colocar naquela imagem e tenho certeza que algo mudará.
Lendo isso e doando, não é a mim e nem a si mesmo quem você estará ajudando, mas ao próximo. E não há nada mais nobre, honroso e bonito do que o altruísmo.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Terminal Central II

Era um senhor de pele curtida, de pele vivida. De olhos distantes, porém expressivos. Veio praticamente do nada, quando vi, ele simplesmente estava ali.
Ele usava uma camisa com listras gastas, as mangas dobradas e um relógio parado pendendo de seu pulso, que seguia até suas mãos grossas, calejadas e sofridas. Sua calça era curta e deixava a botina surrada à mostra. Faltavam-lhe botões na camisa e em seu chapéu de palha, usava um retalho amarrado.
Não sei o que ele fazia ou procurava ali, movimentando sua boca incessante e constantemente para frente e para trás, enquanto seus solitários olhos azuis que demonstavam alguma origem nobre e imponente (talvez alemã, italiana, quem sabe ?), passavam por cada pessoa e por cada trecho do asfalto.
Aquela pessoa escarafunchava cada lixeira que encontrava. Eu, muito curiosa, tentava observá-lo sem que isso lhe despertasse qualquer dúvida. Mas ele colocava as mãos nas sujeiras alheias sem cerimônia alguma. Organizava copos e garrafas para que coubesse mais sujeira. E pegava as latas de alumínio.
Foi então que deduzi qual era a importância dele frente à orgãos públicos, secretarias e ministérios: ele "catava" latinhas para sobreviver. Para ter o que comer.
O quão absurdo era aquilo ? Um senhor de quase 80 anos enfiando as mãos em latas imundas em meio a um mundo de pessoas que sequer notavam sua presença.
Ainda assim, ele demonstrava instinto. Procurava e lutava pelo seu resto de vida simples e completamente surrada, assim como suas botinas e assim como as botinas das pessoas que lhe pisavam sem ver, como um simples e inútil organismo vivo. Um fiapo de humanidade ali, no meio da realidade e sem que ninguém o ajudasse.
Mais uma vez me senti inútil. Mais uma vez impotente. Mais uma vez envergonhada.
Fiquei por ali pensando na escória em que a sociedade se torna, na hipocrisia que ela chafurda e na desolação que ela coordena.
É de cortar os pulsos. Ou de enfiar a mão no lixo.
Enquanto perdia-me nas vergonhas dos outros, não o vi mais. O procurei até onde meus olhos alcançavam, mas assim como ele havia vindo do nada, ele havia sumido do nada e assim, para todos os outros continuava sendo nada.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Como ?

Como eu poderia não ter fechado os olhos ?
Como poderia não querer te ver, mesmo com tudo escuro ?
Como é que eu poderia não necessitar tua presença quando me faltava luz ?
Não seria possível.
Não seria possível.
Não seria possível.

Como eu poderia não ter te amado ?
Como poderia não querer-te ser, mesmo estando longe ?
Como é que eu poderia me desvencilhar de um sentimento puro quando nada mais eu tinha ?
Não é possível.
Não é possível.
Não é possível.

Como eu poderei te esquecer ?
Como poderei não lembrar de ti, mesmo ainda esperando ?
Como é que eu poderei não mais pensar em ti quando povoas meus sonhos há dias a fio ?
Não será possível.
Não será possível.
Não será possível.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Gitanos.

Não que leiamos mãos por dinheiro na praça suja do centro da cidade, mas estamos/estávamos sempre indo de um lado pra outro, carregados ao sabor das definições da diretoria.

A distância que sempre conosco esteve não deixa que eu tenha orgulho de algum lugar, que eu tenha origens fortalecidas ou possa dizer que "sempre vivi" aqui, ou ali... Nunca tempo o bastante para que isso pudesse ser dito convictamente.

A distância ajuda a consolidar amores, amizades, saudades e dores ? Sim. E o faz com destreza.
Eu sinto falta de cumplicidade, tradição, do comum e do sempre.
Mas... pensando, estou distante, na verdade, de quê ? É tudo relativo quando se trata de distância. Um bairro, uma cidade, um estado, um país.
Quem é a família ? Pai, mãe, irmão e cachorro. Primo, prima, tios e tias ?
O que é a família ? Uma instituição, formação por amor, afinidade, divindade.

A distância as vezes é boa. Especialmente quando não se sabe (e nem se quer saber) mais de algumas pessoas. Ela é o magnífico impasse entre vocês.
Mas nada é pior quando, distante, quer-se saber do paradeiro de alguém a quem se quer bem. Ela é o maldito impasse entre vocês.

A distância deve ser partilhada. Pois depende do referencial a que é aplicada, ou de onde ela é vista.
Ela é uma idiossincrasia.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Exercício do Cavalinho

Morte aos jogos de raciocínio utilizados largamente em dinâmicas de grupo e aulas de Desenvolvimento Pessoal e Profissional - 1.


Nada é mais insuportável do que as duas primeiras aulas com isso, você contorcendo-se em cólicas, com um sono monstruoso e tendo que encaixar cavaleiros e cavalos para "desenvolver sua capacidade de observação". Eu sei observar e o faço com bastante destreza e hábito. Não preciso e nem gosto que me digam para observar coisas desse tipo. São difíceis e nos fazem "pensar" ? Sim. Mas, nos fazem ter mais raiva quando não conseguimos completar a tarefa enquanto todos os outros alunos conseguem e não podem dar dicas. "Vocês têm até o final da aula pra conseguir, hein ?"
Sim, vou acabar a aula e pegar uns cursos na APAE pra desenvolver a capacidade de raciocínio. (Não que a APAE esteja sendo criticada. De modo algum, eu inclusive admiro o trabalho deles e nunca os criticaria para justificar exercícios desse tipo numa faculdade. Peço desculpas se soou ofensivo).

Eu mereço. Devo merecer.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Vinícius de Moraes / Tom Jobim

Eu sei e você sabe, já que a vida quis assim
Que nada nesse mundo levará você de mim
Eu sei e você sabe que a distância não existe
Que todo grande amor só é bem grande se for triste
Por isso, meu amor, não tenha medo de sofrer
Pois todos os caminhos me encaminham prá você
Assim como o oceano só é belo com o luar
Assim como a canção só tem razão se se cantar
Assim como uma nuvem só acontece se chover
Assim como o poeta só é grande se sofrer
Assim como viver sem ter amor não é viver
Não há você sem mim, eu não existo sem você

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Trauer Für Einen Neuen Tag

Se a tristeza tivesse asas, te traria pra cá
não voltaria mais, iria findar.
Se a tristeza tivesse asas me levaria pra longe,
eu não voltaria mais, iria pra não sei onde.
Se eu pudesse ser imune a isso, viveria mais
viveria melhor.
Se eu pudesse ter mais que isso, viveria.
Seria melhor.
Seria tão bom ter olhos pra olhar,
mãos para tocar
e voz pra ouvir.
Onde está você que não vi ?
Onde vou que estou só ?
Não imagino o que tenha feito para tanto,
é demais e estou exausta.
Não ouvirão meu grito, sequer meu canto,
não posso. Estou cansada.
Parece-me que finalmente fiquei aqui,
e finalmente descobri.
Talvez tudo isso venha
e meu remédio seja
o que vem de você.
Volte, veja, viva.
Pra mim, a mim, comigo.

domingo, 7 de setembro de 2008

Jardim


Do modo como fui criada,
não deveria ter medo,
a vida não deveria ser tão complicada
As coisas tem passado,
nem tudo vai acontecer,
nem todas as alegrias terão acabado
Tudo que eu vejo
me lembra alguém,
ainda assim não sei porque desejo
Do modo como tenho vivido,
não deveria perder,
a vida não deveria ter me feito desistir
As pessoas têm passado,
nem tudo é florescer,
nem tudo que me move terá cessado

Tudo o que tenho
me leva a alguém,
ainda assim não sei porque desejo
Do modo como tenho estado,
não deveria chorar,
a vida não deve ter pouco pra me dar

As flores tem chegado,
nem tudo é esquecer,
tudo é muito certo quando estou perto de você
Do modo como tenho sentido,
não deveria estranhar,
a vida sempre tem seu lado mais bonito
As borboletas vão passar,
tudo é tão real,
nada vai me impedir de te esperar

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Tanto Mar I

Joguei pedras,
joguei no mar.
Tanto calor,
idéias no abafar.
Originei idéias,
escrevi ao esgotar.
Joguei certa,
joguei no mar.
Tanto amor,
vi-me no baldar.
Ocultei a espera,
vivi o desgostar.
Joguei à sorte,
joguei-a no mar.
Tanta dor,
dei-me ao lancinar.
Oprimi a inspiração,
olvidei o meu estar.

domingo, 31 de agosto de 2008

Beldades.

Marilyn Monroe usava calça 44
Brigitte Bardot tem sardas
Sharon Tate roía as unhas
Juliana paes fuma
Fernanda Paes Leme tem celulite
Charlize Theron tem barriguinha
Paola Oliveira tem pernas grossas
Sophia Loren tem quadris largos
Cat Power deixa o esmalte lascar
Madonna tem uma fresta entre os dentes
Gisele Bündchen tem o nariz grande
Luana Piovanni é grossa
Grazi Massafera tem silicone
Anna Hickman tem 1,85 de altura (ela deve ser mais alta que você lendo isso, se for homem ^^)
Liv Tyler calça 40
Keira Knightley não sabe andar em salto alto e
Scarlett Johansson não gosta deles
Ísis Valverde usa os cabelos bagunçados, e/ou presos

E eu não preciso ser perfeita ;D

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Terminal Central.

Um garoto. Duas pernas. Um par de muletas.
Eu, parada, esperando o ônibus em meio a um vai-e-vem de pessoas, cores, jeitos, humores e preocupações, vi na plataforma seguinte, o tal garoto.
Vi, e não conseguia parar de observá-lo. Eu via sua dificuldade e a dificuldade das outras pessoas em simplesmente oferecer ajuda.
Quão fácil era para todos apenas passarem por ele, desviando de suas muletas que se moviam vagarosamente ?
Ali, sendo apenas mais uma pessoa a espera, pude ficar observando-o e pensando em como a vida é fútil, ou como as pessoas a fazem ficar assim. Pensei em como a vida é simples, em como a vida é rápida e frágil. Pensei em como ela pode ser ingrata e injusta. Pensei ainda, em como andava a minha própria.
Tentei esconder meus olhos marejados e, atrás de minha pasta, agradeci baixinho por tudo o que tenho, por não ter dificuldades maiores à minha volta e ao mesmo tempo, questionei Deus sobre o propósito de toda aquela luta. Não obtive resposta.
Concluí que a vida e as pessoas nunca são como esperamos. E nem a perfeição os dois alcançam. Pelo contrário, alcançam cada vez mais, o maior grau de imperfeição. A imperfeição que faz as coisas serem como são e nos acostumarmos a elas. Por que, então, querer alçar tamanho estado de graça impraticável ? Nada nem ninguém, nunca será imaculado, sem falhas, nem terá todas as respostas. Eu mesma não obtive nenhuma ao fazer uma simples pergunta, quem dirá o resto de todas as pessoas por aí a fora.
Aquele período de tempo me marcou. Não sai de meus pensamentos, mas ao mesmo tempo, sinto-me inutilmente impotente pois nada posso fazer para mudar aquela ou qualquer outra situação que não me diga respeito.
Não sou Deus. Sou imperfeita por natureza. E a natureza talvez tenha respostas para tudo isso e para o garoto de muletas. Eu não tenho.
Tenho apenas a vergonha, algumas lágrimas e uma tristeza condizente. Sinto não poder ter corrido até ele e ter oferecido ajuda. Talvez todos me olhariam com olhos de quem sente-se incomodado, talvez o garoto sentiria-se ofendido, talvez ele aceitasse minha ajuda. Talvez não. Fiquei apenas com um ar hipotético no rosto, questionando-me e tentando parecer normal.
Quando me dei conta, o garoto subia no ônibus o qual esperava, e foi-se. Fiquei por ali pensando, matutando e me lembrando, até que meu ônibus também chegou. E fui-me.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Feriado.

Por que demora tanto ?
Uma simples estrada,
um pequeno dia arrasada.
Se você soubesse o quanto...


Nada me tira teu rosto,
Uma simples memória,
o começo de uma história.
Querem me levar pro lado oposto...


Por que tanto te quero ?
Uma simples canção,
um pequeno coração.
É nele que tanto te espero...


Nada me faz ser diferente,
Umas lembranças ainda,
umas noites que não findam.
Não consigo não pensar, por mais que eu tente...


Por que tanta prova ?
Um tempo comprido,
um dia com o vício.
Por enquanto só você se comprova...


Nada nunca me foi tudo,
um doce bonito,
um céu colorido.
Junto a você, isso se torna e até meu coração eu escuto.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

O Meu Guri

Você ficou do meu lado após o comentário triste e desesperançoso, me olhava e eu também.
O que você me mostrou junto com a timidez e risadas, foi muito melhor do que todas as férias juntas. E eu havia chorado naquele dia.
Você, por pouco, nem meu nome soube, mas também perguntou e resolvemos ir tomar um ar.
O que conversamos era descontraído e foi muito mais interessante do que muitas conversas durante aquelas duas semanas. E eu havia chorado naquele dia.
Você me mostrou que não há problema em viver a música do Cazuza em pleno domingo.
O dia seguinte foi engraçado, etílico, no meio do mato, frio, mas descobrimos a nossa música. E eu nem cantava mais.
Você mostrou medo, logo de manhã, mas me abraçou e deixou ser abraçado, ainda assim, nos uniria um hiato de tempo.
O chocolate que você me trouxe ainda não acabou, mas foi o presente mais lindo que eu poderia ter ganho antes de viajar. E eu nem ganho nada sempre.

A piada dos 2 filhos de Francisco me deu um sorriso e eu guardo comigo até te ver de novo.

domingo, 27 de julho de 2008

Pergunto-Te.

Ah, tanta tristeza me embala
tanto amor disperdiçado,
quanto mais de indiferença ?
Por que a minha vez é chegada ?
Não há nada que possa me completar,
sinto um vazio que insiste em me querer.
Ainda assim, não consigo Lhe ser grata,
sou incapaz de altruir e aceitar-me assim.
Minhas pernas ficam bambas,
minha respiração falha,
minha cabeça lateja.
Ah, Vitória ainda distante !
Ah, Vitória tão semelhante ao paraíso...
Vitória e não mais derrota.
Suplico-Te que não mais faças isso comigo,
Clamo-Te o quanto posso e o quanto puder,
o farei até pacificar meu ser e minha alma.
Me dê a chave de Seu amor para chegar até o meu.
Quero tanto o que posso, mas ainda não é hora,
quebrarei e sabotarei meus relógios para não ansiar demais.
Quero não sentir Teu abandono,
fique comigo e me tire o frio,
me aqueça e tenha misericórdia,
não me traga mais lágrimas,
seque a dor onde me afogo.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Sobre a 1ª vista em São Paulo.

Eu me perguntei seriamente, onde é que poderia parar o desinteresse, a ignorância e a ganância das pessoas. Pensei que coisas como aquelas só eram mostradas na televisão. Que as áreas onde aquilo se escondia, era longínqua demais para aviltar nossos olhos. Mas, errei.
Quando acordei, vi barracos, literalmente embaixo de minha janela. Todos feitos de compensado barato e já apodrecidos pelas chuvas. Entre os sobrados, um chão de lama com um pequeno córrego de água suja. Um carro parado, um outro andar de cima destruído, instalções elétricas arraigadas e precárias, e lixo.
Os carros, na Marginal Tietê, passavam devagar naquele intenso fluxo causando um ligeiro congestionamento já as 7:30 da manhã. Ninguém parecia se importar com aquela vista e creio que já se habituaram.
Em outro trecho da cidade, uma praça tinha seus bancos e árvores tomados por mendigos. Uns tentavam achar posição para dormir em cima do concreto e com o vento frio da manhã em suas faces. Um estava encolhido no chão, sentado, riscando o mesmo como se esperasse que alguém viesse tirá-lo dali. Outros, se juntavam ao redor de uma árvore com uma copa grande e ficavam ali. Ali apenas.
Depois dali, já no enorme Terminal Rodoviário do Tietê, vi todos os tipos de pessoas aguardando para irem a diferentes destinos. Passei por eles, sem que ninguém me olhasse tanto, a não ser pelo meu cachecol vermelho, assim como meu tênis, e em destaque no meu casaco preto, grosso, até os joelhos. Fora isso, eu era mais uma pessoa, assim como eles gostavam de se sentir. Passei com minha mala e fui esperar o outro ônibus. Vi uma família, dois filhos pequenos, uma mãe agarrada ao braço do marido, quieta. Ele gritava com um dos meninos para que ele não saísse correndo. O outro, já maiorzinho, aparentava ter 5 ou 6 anos, também se mantia como a mãe: de cabeça baixa e quieto. O menino menor, pulava e puxava a mão do pai. Queria sair correndo e desbravar todo aquele mundo contido numa parte de São Paulo.
Mas, veria ele, com seus olhinhos novos e brilhantes, toda aquele tristeza se contrastando com sua alegria por ver tantas coisas novas ? Será que ele se acostumaria com a pobreza, a sujeira, o descaso e à má vontade para com aquela situação ?
Provavelmente sim.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Preguiço.

Procrastino.

Procuro.

Pacatizo.

Padeço.

Passo.

Peco.

Peço.

Pelo amor.

(de) Deus.

terça-feira, 1 de julho de 2008

Sobre o Cara Esquisito da Rua Principal.

Era um sujeito alto, muito mais alto que o normal. Usava uma camisa rosa, alinhada e cheirando a amaciante e sabão em pó.
Sua calça era azul-marinho, condizente a todo seu tamanho, e seus sapatos tinham solados de borracha. Não faziam muito barulho e afinal, ele andava no asfalto. Pelo meio da rua.
Seu rosto não era totalmente figurável, pois ele levava nos olhos óculos grandes e provavelmente, fora de moda. Deviam ser de grau e de sol ao mesmo tempo e eram realmente grandes.
Ele levava consigo, uma bolsa de couro, escura. A levava com a alça transpassada em seu peito magro e em conflito com seu quadril, que seguia por suas pernas compridas.
Sua pele branca se escondia atrás de uma barba farta e castanha clara, quase loira, com um bigode bem aparado. Seus braços eram compridos e dançavam pelo ar enquanto ele andava do seu modo peculiar. Pelo meio da rua.
Aparentava ser novo, porém com algo de senil e antigo. Aquilo tudo poderia ser um disfarce. Não era uma figura normal e facilmente identificável. Era aquela pessoa para qual tem-se que olhar e continuar olhando, pois cada detalhe representa alguma coisa fora do conjunto.
Passei por ele e continuei olhando. Mas ele parecia não ver. As vezes, se fez de cego para disfarçar a visão. Própria e alheia. Quis evitar de ser fitado e ter de fitar em retorno.
E assim ele continuou andando, ao meio-dia, sob o sol. Pelo meio da rua.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Bob

Não me comprometo contigo,
por mais que eu tente,
não me meto nem comigo.
Você é um caso perdido,
por mais que eu tente,
sou como você e admito.
Tudo que gostaria de ter vivido,
por mais que eu tente,
vai continuar desconhecido.
Meu problema é ínfimo,
mas por mais que eu tente,
você sempre será o motivo.

domingo, 22 de junho de 2008

Super-Herói.

Mãe,

quero ser super-herói.
Vou voar pra longe,
ganhar lutas e batalhas,
vou correr pelas muralhas,
e achar quem se esconde.
Quero ser super-herói.
Vou ter visão de raio-x,
salvar você e mais eu,
vou curar o que doeu,
e ser tudo que sempre quis.
Quero ser super-herói.
Vou lutar contra todo o mal,
não vai ter gente triste, nem descontentes,
só gente sorrindo e mostrando os dentes,
vou usar minha capa e ser o tal.
Quero ser super-herói.
Vou ser forte e ter um chamado,
um telefone ou um sinal no céu,
vou, quem sabe, ganhar até um troféu,
mas o mais importante é que vou ser amado.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Escândalo ?

Pelo quê deve-se levar em conta o preconceito ? Por que ?
Deve-se designá-lo como egocentrismo, etnocentrismo, racismo, ou apenas algo baixo, de seres que, erroneamente, julgam-se superiores ?
Pré conceitos deveriam ser abolidos, afinal... de onde eles vêm ? Se são "pré", devem surgir de algum lugar insólito antes de tomarem forma nas palavras rudes, atitudes egoístas e em comportamentos vergonhosos.
Cada vida, em algum momento seu, toma o próprio caminho e adquire um dono, não necessita de diretrizes impostas por outros, ou seja, cada vida tem seu caminho a seguir, independentemente de pessoas à sua volta. Chegado certo ponto, ela se vê potencialmente ganha, fortemente desejada de vitórias e desprezando as perdas, seja isso a custo de outros, ou não. O preconceito entra aqui.
Não quero escrever algo que pareça um manifesto, até porque não luto pelos direitos da humanidade tanto quanto gostaria, mas ainda assim, escrevo porque é algo que ainda me abisma.
Em todo lugar há isso, a toda hora há um ato preconceituoso. Isso acaba se tornando normal e alvo até de piadas (vide a lei que proíbe termos como "preto", "negão" de se serem proferidos à pessoas negras). Nada mais pífio do que o deboche do brasileiro.

Nada me tira da cabeça que, aqueles dois Sargentos, recentemente declarados homossexuais e um casal, foram destituídos, no fundo, pelo simples fato de não seguirem os padrões de "homem + mulher = normal". Graças ao bom senso da mentalidade social (talvez) atual, não sou a única a me sentir com a pulga atrás da orelha e a achar isso.
A razão apresentada para que eles fossem altuados, foi a de deserção, o que pode levá-los a perderem suas patentes e serem enxotados do Exército.
Acho que a "mão amiga" tão frequentemente designadora das Forças Armadas Brasileiras, fez falta, e ao invés de apoio, deram um tapa. Um tapa que veio na boca de cada um dos dois por também terem denunciado corrupções num Hospital Militar de Brasília.

Lamentavelmente, esse é o preço pela coragem e o senso de justiça pela igualdade: o preconceito e o uso da superioridade hierárquica.

Nenhum ser humano é diferente biologicamente do outro. É composto pelos mesmos átomos e moléculas, respira o mesmo ar, vêem as mesmas coisas, mas pensam diferente.
E, ironicamente, isso é tão largamente usado na frase "mas pense, e se todo mundo fosse igual ? Não seria chato ?". Seria, mas tão mais chato que isso é o fato de pessoas serem diferentes e não poderem expor seus pontos de vista ou como levam a própria vida, já que são suficientemente adultos para darem suas próprias norteadas.
É triste e desenroso ver uma contradição tão clara numa sociedade dita democrática.
A democracia para mim, ainda não existe por aqui. O Brasil continua atrasado e age com uma mentalidade de 70 anos atrás. E olhe que conheço gente de 70 anos pra frente com idéias mais liberais e mais sensatas do que muitas pessoas de 30, 40 anos.
O Brasil é preconceituoso em (muitas) determinadas frentes, e parece se orgulhar em ser uma contradição. O Brasil se mostra triste.

sábado, 7 de junho de 2008

Tudo.

Deus, pra mim, não tem sexo. Não é nem feio, nem bonito. Não tem pai, nem mãe.
É a inteligência. É a percepção.
Eu poderia falar de tudo o que já pensei Dele e tudo o que tentei não pensar.
Deus, pra mim, não tem nexo. Não é nem a falta, e nem o excesso. Não tem mais, nem menos.
É inteiro. É completo.
Eu poderia dizer quantas vezes o indaguei sobre as razões de minhas dores e quantas vezes tentei nem falar.
Deus, pra mim, não tem porquê. Não é o abstrato, nem o concreto. Não tem razão e nem dever.
É a certeza. É a decisão.
Eu poderia contar o quanto quis tê-Lo para mim e o quanto O afastei sem questionar.
Deus, pra mim, não tem razão. Não é a lei, nem o advogado. Não tem mal, nem cajado.
É o Si em Si e por nós. É só Ele a sós.
Eu poderia exprimir o esforço em descrever como O vejo e o como não O conheço frente-a-frente.
Deus, pra mim, não tem divisão. Não é o fim, nem o início. Não tem meio e nem esteio.
É o sim. É o não.
Eu poderia explicar como Ele existe em mim e como as vezes me some frente às vistas.
Poderia dizer e ainda assim, não diria nada. Deus é cada parte e a parte em si.
Deus é o todo e seus detalhes. Poderia não ser e ainda assim, seria tudo.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Dia dos namorados

do Lat. tristitia

- s. f.,
qualidade ou estado de triste;
consternação;
dó;
aspecto que revela mágoa ou aflição;
melancolia;
angústia.

_________________________________

do Lat. solu

- adj.,
solitário;
que está sem companhia;
ermo;
único;
- s. m.,
aquele que vive só.
- loc. adv.,
sem companhia;

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Não deixe.

Não deixe que te façam exíguo,
até mesmo porque há quem te queira ver
com graça e a alma reluzindo.
Não deixe que te levem pra muito longe,
até mesmo porque há quem te queira ter
com proximidade e os olhos transparecendo.
Não deixe que te façam menos meu,
até mesmo porque há quem te queira ser
com pressa, completa e com o coração já teu.

Passando.

Fixados, meus pés, no chão,
não há nada que diga-me que fui feliz
não sei o que mais presta-me servidão.
Acabei chegando aqui
trazida apenas com a sorte,
vinda de tantos lugares,
não sei o que passou por mim.
Eu e minha alma, nova sensação,
vislumbres do futuro, temos
agora, tudo o que antes fora apenas ilusão.
Não sei medir o quanto ela cresceu,
poderia, talvez, pedir-te ajuda
deitar-me no regaço teu,
dar-te o que procuras,
ser o pra sempre teu.
Tantas vezes, tantas chances perdi
fui dona do ego, egoísta e senti.
Tantas vezes, tantas chances não vi,
dei-me por toda, todavia e sofri.
Procuro outra, que não seja só minha
mas do momento em si,
quero saber que encontrei sozinha
tudo o que não tive, que agora vejo em ti.

terça-feira, 27 de maio de 2008

Vitamina A


Médicos nem sempre são simpáticos, mas sempre há aqueles que nem médicos parecem, apesar da roupa branca, jaleco e linguagem + escrita praticamente iguais. Eu, por exemplo, nunca gostei deles. Aliás, ficar doente já era um transtorno dos grandes e ir até um consultório não era cogitado nem em pensamentos mais remotos.
Até que um dia, comecei a sentir dificuldade para enxergar. O tempo se passou, e quando já descoberta a miopia, me mudei e precisei achar outro oftalmologista. Marquei a primeira consulta armada de confiança e indiferença, assim como faziam quando eu chegava simpática e polida.
Fui, toda cheia de mim, já na defensiva, esperando pelo pior dos Doutores. Entrei na sala dele com menos visão ainda, pois havia recebido uma dose de colírio. Esse, que era pingado homeopática e rotineiramente de 15 em 15 minutos.

Me sentei em uma das cadeiras, esperando a entrada do carrasco. Era um consultório não muito grande, com um ar condicionado gelando hermeticamente o pequeno recinto, e em cada parede um instrumento diferente para os exames: uma cadeira grande, onde eu estava, a mesa dele, ao lado de duas poltronas gordas e felpudas, uma estante com diplomas, livros, folhetos e tudo mais a respeito de olhos, e alguns visualizadores estranhos que não cabem à minha escassa sabedoria médica, ou mecânica, saber os nomes.
Abriu-se e fechou-se a porta.
Boa tarde ! Como vai a senhorita ?, disse ele, abrindo um sorriso que fazia suas grandes bochechas vermelhas cerrarem seus olhos atrás dos óculos. Tinha uns olhos grandes e azuis, e um rosto redondo, assim como seu corpo. Era uma figura simpática, assim consegui distinguir forçando um pouco minha visão parcialmente embaçada.
Ah...mas como uma mocinha bonita dessa usa óculos todo o tempo ?, perguntou ele, ajustando as lentes frente aos meus olhos. Não sei, mas há vezes em que nem os óculos resolvem meu problema, disse eu, já intimidada. Ele fez mais alguns testes, e de tão simplório e doce, por pouco não fiquei esperando um pirulito ao final da consulta.
Com o pouco de nitidez que tinha, fiquei observando ele prescrever as receitas. Pensei em como seria a vida dele, se tinha filhos e se eles seriam todos redondinhos e com grandes olhos azuis como ele, se a esposa o esperava com pãezinhos dourados e redondos, que combinavam com suas bochechas...E por um momento, idealizei uma vida alegre, colorida, cálida e redonda. Ele parece ser feliz, comentei comigo. É, parece mesmo, comentei de volta.
Aqui está ! Seu grau ainda continua irrisório, não há necessidade para usar 24 horas por dia essa coisa, disse ele, me entregando a receita e com meus óculos cuidadosamente amparados na sua mão esquerda. Ele transmitia tanta felicidade que eu já deduzia: os problemas não resolvidos mesmo quando usando os óculos, eram do excesso deles. Foi a minha glória não precisar usar mais aquelas coisas todo o tempo e ter de franzir o nariz para acertá-lo no rosto, ou ver quem estivesse muito perto. Enfim, livre (em parte) ! Eu finalmente havia ficado satisfeita por ter tido uma consulta feliz. Por ter tido um encontro com um médico feliz.

Fiquei pensando depois em como ele se parecia com uma figura daquelas de livros infantis, ou com um desenho animado. Precisava dizer isso a alguém e na última consulta que tive, antes de me mudar novamente, disse ao próprio.
A reação não poderia ser melhor. Ele achou engraçado o modo como eu o via, e toda a delicadeza que procurei colocar junto com o comentário. Riu com gargalhadas, segurando a barriga com seus dedos roliços e seus óculos na outra mão. Eram gargalhadas redondas e felizes.
Fui para casa realizada, porém contida, afinal, teria que achar outro oftalmologista. Começaria outro martírio de sessões amargas e frias ?
A única esperança que tinha, e ainda tenho, é de que pelo menos um dos possíveis profissionais da saúde, assim como meu novo dentista, sejam redondos e felizes.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

(Não) Querer.

O que queres ?
Que te esqueça, faça de mim o que não fui
e que nem poderei ser, pois já não mais tenho o desenho de tuas palavras ?
O que queres de mim ?
De mim tão fraco e com sentimentos escassos,
de mim que agora pensa na vida sem existência.
O que queres ?
Que eu saque forças de lugares inóspitos,
e que nunca os farei meus, pois já não tenho as linhas tuas para seguir ?
O que queres de mim ?
De mim sem coração nem alma,
de mim que não pensa mais senão em ter-te e em completo ser-te.
O que queres, afinal ?
Diz-me ou açoita-me com teus olhos, agora.
O queres de mim ao final ?
Dá-me a perpetuidade ou dou-me ao fracasso.

domingo, 18 de maio de 2008

Pace in Cruce.

Um garoto vagava pelas ruas vazias no fim de um dia cinzento. E para ele, todos os dias eram assim: frios, cinzentos e vazios.
Tinha seus altos e baixos, mas contava mais os baixos que os altos pois era mais fácil a contabilidade.
Se irritava e sofria com seu próprio egocentrismo, mas não sabia como lidar com aquilo. Aquilo que ele chamava de loucura, ou as vezes sanidade, falta de escrúpulos, ou as vezes de consciência. Aquilo que ele mesmo, por vezes não havia conseguido descrever ou sequer suportar dentro de si.
Ele sofria calado por razões próprias. Ninguém compartilhava de suas dores, suas alegrias e ele fazia questão de não ser aparente, nem ao menos visível. O quanto tentaram ajudar àquele garoto...tão frágil e tão forte. Seus dias passavam como se passam carros nas avenidas: gélidos, ignorantes e rápidos.
Ele gostava da delicadeza das flores e dos gestos singelos, mas também gostava da violência com que seus sentimentos e tristezas se anuviavam em seu peito e frente às suas vistas.
Quando ele corria pelos campos, sentia-se livre de qualquer problema, ou qualquer idéia iminente que o pudesse fazer parar e pensar. Pensar era o que menos queria, e as velozes divagações que tinha, o faziam correr mais rápido e esquecer por um momento de que era gente.
Era isso que mais desejava, se livrar de toda a gente a que tinha que ver e não ser rude. Queria ser dono de sua própria gente e humanidade particular. Ser parte daquelas gentes o incomodava e ele corria. Fugindo de seu ser e de sua consciência. Ele queria ser vivo, ser semente e ser levado com o vento. Queria não saber o que era dor, pessoas, frio, vazio, coração ou idéias. Queria não ser mais pessoa. Queria não ser mais gente.
Quando ele parava, já ofegante e quase desfalecendo, tinha vontade de compor, cantar, gritar e ser sublime a si mesmo. Seus músculos fortemente exigidos não o ajudavam a formular idéias e era assim que ele gostava de ficar. Gostava de cansar à sua mente e principalmente ao seu corpo magro e dolorido.
Aquele menino queria ser grande ao mundo, carregá-lo nas costas e tratá-lo a sua maneira. Mas e quanto ao seu desejo em manter-se lacônico e invisível ?
Ah, isso logo se ia quando ele embrenhava-se em suas criações. Tinha sede por gritar àquelas gentes que o fizeram sofrer, criava sem pensar e jogava-as no papel, ao ar e a quem o escutasse.
Criava histórias que não tinham final pois achava aquilo muito prosaico e regrado. Gostava dos textos não terminados e com continuações. Mas e quanto à sua própria história ?
Bom, para essa sim ele preparava um final. Um término que não mais o lembraria daquela vida contraditória, pesada e fria. Um término que findasse toda e qualquer possibilidade de volta.
E voltar era algo que ele não admitia, além de concordar que não adiantaria. Tudo o que havia feito até aquele momento se repetiria, trazendo-o ao mesmo lugar em que se encontrava.
Então, num dia mais frio que o habitual e não tão vazio como sempre era, ele pensou em dar o fim adequado à sua história. Seria a primeira e última que ele terminaria. E assim o fez.
Tomou de si a própria vida e deu ao mundo razões para continuar sem ele. Não contaria mais os dias e nem às paredes sobre seu sofrimento. Não mais desejaria beber da morte. Não mais veria seus despedaços. Não mais daria à tristeza razões para acompanhar-lhe. Continuaria sem o mundo, e o mundo ? Muito bem sem mim, diria.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Clarice.


Cotidiano Sentimental

Ah ! A leve ansiedade que toma meus dias e estômago...
Isso me irrita de um modo doce e implicante. Porém, adoro sentí-la perto e me lembrando de que o destino é feito por nós, e que ainda assim, tudo pode acontecer.
Gosto da ansiedade que leva ao nervosismo quando encontro outros olhos e comprimentos simpáticos, corteses. Da inquietação que me dá ao esperar uma conversa longa, franca e substancial, ou apenas um comentário e um sorriso afável.
Ah ! O nervosismo que toma meu coração e minha mente...
Ele me empurra de maneiras sutis e (talvez) significantes. Contudo, adoro sentí-lo percorrer meu corpo com pequenas "borboletas".
Gosto da bipolaridade que as vezes me cerca e dos comentários acerca disso. A contradição da tristeza e a alegria breve, contida até o momento de transpô-las ao papel (no caso, à tela). É o nervosismo de não saber o que me aguarda, ou o que me causa um desejo incontrolável de escrever sem parar, registrando todo e qualquer sentimento, seja ele bom ou ruim, mas que rende textos e mais textos, folhas e mais folhas de caderno que deveriam ser dedicadas a resumos infindáveis de matérias que nunca mais encostarei os esforços.
Ah ! O cansaço que me invade quando chego em casa e não tenho mais essas experiências vívidas e excitantes. Ali é o reduto de meu repouso. Ali é ondo meu ócio toma formas estrondosas e sequer me deixa abrir os olhos, quando fora do horário. Ali é onde ponho em dia as novidades com quem anda longe de mim, com quem anda perto de mim ou com quem ainda não anda comigo.
Gosto de deitar na cama larga e admirar o teto, me perdendo e querendo não organizar minhas idéias. Sentir meus olhos quererem adentrar a escuridão e se meterem em sonhos confusos, bonitos, tristes ou esperançosos. Gosto de sentir as costas estendidas no colchão e minha cabeça levemente mais alta, deleitando-se naquela maciez inocente do travesseiro. A preguiça que me toma sempre no mesmo horário, geralmente 6 ou 7 horas depois de iniciado esse meu ritual sonolento, é o que me faz esperar mais 5 minutos e continuar a alimentar meu ócio antes que o dia se faça certeiro sobre minha janela.
Ah ! Os dias em que faço isso...6, toda semana. Apenas um dia em que faço diferente. Apenas um dia em que quero de volta tudo isso.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Carinhoso

- Olhe só... modelos de carta de amor ! Existe isso...estou impressionado.
- Ué... não acho que deveria ficar. O que é que não tem padrão, modelo e regra hoje em dia ?
- O amor...
- E como você sabe ? Já teve um ?
- É...bom...não. Mas eu imagino.
- Ah, imagina... e por que nunca o teve ?
- Como é que vou saber ? Vai ver ele anda escasso, ou ninguém quis me dar.
- As vezes você não o quis.
- ( Surpreso, sem reação )
- Diga se é mentira.
- Não, não é. Em muitas fui indiferente e recusei isso. Convenções e conceitos inexplicáveis...
- Bom, não posso falar por mim, afinal, eu amo. ( Suspiros )
- Ama mesmo ? E quem seria o merecedor de todo esse zelo ? ( Sorriso tímido )
- Ah... a melhor pessoa do mundo ! Alguém maduro, com princípios, consciência, atenção, interesse, inteligência...
- Nossa ! Mas é o Príncipe Encantado ! ( Risos )
- Não, isso não existe. Só existem os cavalos brancos. E ele é apenas quem me roubou o coração.
- Não devolveram o meu da última vez, eu acho... ( pensativo )
- Como isso ? ( curiosa )
- Ela me roubou, zombou e não voltou.
- E onde anda essa criminosa ?
- Ah, amando por aí. Gostaria que ela me devolvesse... sinto falta de sentí-lo batendo.
- ( Comovida ) Meu Deus... isso não é coisa que se faça !
- Mas foi feito. E de mim foi feito nada. Desde que a conheci, só sinto meu coração de longe, afinal ela o tem para si... mas sinto-o bater forte quando ela está perto. Fico confuso, pois as vezes parece que ainda o tenho, tão logo não mais o sinto quando ela se vai.
- ( Leva a mão e o rosto ao ombro dele ) Por que ela faria tal coisa justo com alguém como você ?
- ( Dando de ombros ) Não sei. Mas...me diga, e esse dono de seu amor ? Lhe deu o coração assim como você ?
- Sim... mas não o tenho perto de mim. ( Triste, abaixa os olhos )
- Mas, como pode amar alguém que não está perto, junto para compartilhar ?
- Não sei. Mas ele tem a mim e a meu coração...e como tem !
- O que posso fazer para te ajudar ?
- O que eu posso fazer para te ajudar ?
- ( Risos. Um segura a mão do outro )
- Talvez pudesse devolver-me...
- Para quê se já tens o meu ? ( Coloca as mãos juntas sobre o peito dele ) Sente ?
- Sim... finalmente sei o que há ! É ele que bate ao te ver com meu coração !
- É você que se afasta de mim...
- Tive medo.
- Mas agora sabe onde ando.
- Sim, e sabes que estou perto, bem junto.
- E você não perdeu seu coração, tenho cuidado bem dele.
- Agora cuidará de mim ?
- Sim... ( sorriso largo ) Te protegerei. Não se preocupe.
- ( Abraço apertado ) Tenho aula agora...
- Tudo bem. Até logo, vida.
- Vida ( sorrisos )

sábado, 10 de maio de 2008

À/A Espera.

Cor-de-mel. Eram a cor dos olhos daquela garota que fitava a mesma paisagem todas as semanas. Por um dia em cada uma delas, ela tinha o prazer de desfrutar momentos extremamente seus, em que ela podia divagar, refletir e não se prender a convenções.
Era tanta paz e satisfação...chegava a incomodar aquele coração que sacrificava-se em bater, e assim ela tentava se confortar. Tentava sentar-se de outros jeitos, se apoiar em outras minúcias e assistir aquilo atenta. Mas era tudo o que sempre havia procurado e agora, depois de tanto tempo, sem que ela esperasse, se deparava com o brilho de seus próprios olhos e com seu sorriso involuntário a cada minuto em que admirava toda aquela perfeição.
Era a figura ideal, que a tirava do chão, fazia-a flutuar e se perder em seus pensamentos tão relaxados, ao contrário de seu corpo que vezes se contraía pelo frio e o vento cortante em seu rosto lívido. Ela se encolhia buscando calor em suas esperanças e seus próprios braços. Não tinha com quem dividir aquilo, e em se tratando de tal paisagem, ela não o faria mesmo.
Ela se apertava em seu casaco, cruzava suas pernas e ficava parada. Seus olhos seguiam cada detalhe e a cada dia, algo novo a surpreendia, deixando-a mais hipnotizada.
Nada era como aquilo e aqueles momentos particulares. Pareciam infinitos e ela se perderia esquecendo as horas se pudesse ficar por ali, observando atentamente seu novo objeto de admiração. E era diferente de qualquer outro que ela já havia tido...ela o queria para si, queria fazê-lo seu, feliz e de mais ninguém, chegando ao ápice do egoísmo, mas ao mesmo tempo, se metendo em uma relação contraditória com o altruísmo. Não sabia como agir quando aquilo parecia a olhar tão furtivamente quanto ela. Imaginava o que ela sentia ?
Bobagem...aquela paisagem era tão dona de si mesma e imponente ! Já deveria ter tido outros admiradores, e saberia ela se outra pessoa, ao mesmo tempo que ela, também não admirava aquilo ? Ela se angustiava ao pensar que um dia não veria a mais, sentia seu peito palpitar mais forte quando pensava na tristeza que a tomaria quando esse dia chegasse.
Começou a ficar confusa, pois aquela beleza infindável tomava as volutas de seu pensamento e não a deixava mais calma, mas ansiosa pela hora de vê-la novamente, pelo dia da semana em que ela se sentia sublime e importante. Pelo dia em que ela sentia a si mesma, e o conhecimento que detinha sobre seus próprios sentimentos, sobre sua personalidade.
Aquilo tudo a fazia não mais sentir o frio, e a não entender mais as mensagens que recebia.
Havia se apaixonado ! Mas...o que faria com aquele amor ? Não entendia como poderia viver tal situação...
Tentava gritar com a voz rouca para acordar sua alma e não se perder. Tentava esquecer, mas sempre voltava ao mesmo lugar, com os olhos fixos na mesma razão incial de todo seu contentamento. Tinha medo.
Não sabia se era correspondida. Não sabia se tinha o conhecimento necessário para amar, e já não acreditava nessas coisas de amor há muito tempo. Seu coração sacrificava-se, mais uma vez não só para manter-se ativo e quente, mas principalmente para entender todas aquelas artimanhas provindas de seus sentimentos. Que faria ?
Ela não quis se rebelar, mas ainda assim sentia algo a mover e fazê-la acreditar que aquilo não era um mero devaneio. Não poderia ser tão inconsequente a tal ponto.
Ela amava. E o que a fez acreditar, era a razão de seu medo...havia compreendido em parte o que a angustiava. E a angústia se tornou a esperança repentina de que seu amor se revelaria um dia, a qualquer momento, deixando de ser aquela paisagem imóvel, inanimada. Seria sim alguém com quem ela repartiria o peso de suas dúvidas e inquietudes, a leveza de seu amor e a beleza que seus olhos miravam ao observar aquela paisagem.
Que faria ? Não tinha mais medo, então...esperaria.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Luna.

Como se não bastasse ser uma das primeiras vezes que saíamos, era preciso celebrar aquilo, mesmo que de forma involuntária e secreta.
A glória da noite tinha outro nome e que de tão magnífico, não me lembro. As assíduas frequentadoras do bar ganharam doses de graça, cortesias da casa.
- É, não se fazem mais bares como antigamente...
- Você só tem 18 anos !
- Bom...não me diga o que fazer !!
E então, a surpresa da primeira boda de amizade: dois sujeitos ao pé da mesa em "missão de paz"; já puxando as cadeiras e pedindo outra bebida, perguntaram se podiam desfrutar de nossa companhia.
Mas, antes que eu pudesse exercitar minha maravilhosa arte prolixa de desculpas esfarrapadas, ela mandou que se sentassem, igualmente sem graça.
Eu a olhei com os olhos de quem já não pensa racionalmente e que já tem 1/5 do cérebro mais lento que o não-habitual. E olhei os amos de companhia com o olhar tediante e fadigado, como só o meu cansaço sabe causar.
Para evitar qualquer tragédia, típica desta pessoa estabanada, eu não dizia nada. Ria ocasionalmente e somente abria a boca para bocejar, pois afinal, a noite já havia se estendido mais que o esperado.
O indivíduo falava e eu pensava. Pensava sobre os problemas, sobre meus livros, sobre a mesa do lado, o outro lado da rua, minha gastrite em potencial, e sobre a fome e a sede por açúcar que me tomavam. Eu não podia com aquilo...era mais forte que eu, e só mais glorioso seria dormir ali, na mesa.
Dormir aquele sono pesado, que me domava as pálpebras e me bocejava a alma. Aquele sono cansado, inocente, que é só sono e que não pede nem silêncio. Aquele que amortece as ondas sonoras e camufla o silêncio. O cansaço na pura essência, que origina o sono.
- Olha, a gente tem que ir, viu ?
- Ahn ? Ah é, precisamos mesmo.
E fomos.
Ah, a glória da liberdade na noite, na rua e no soluço ! Apesar disso, era um soluço de felicidade, de alegria, que me tomava o estômago e os lábios, pois eu ria, meio sem motivo, mas ainda por motivos insignificantes.
Era bom andar mal e tortamente por aquelas ruas pouco movimentadas, sendo levada pelo braço por ela, afinal...estávamos no final de maio e o inverno começava a arregaçar suas mangas, enquanto nós esticávamos as nossas. E mais do que uma noite ruim e sonolenta, tínhamos agora uma lembrança da primeira boda que fizemos, da segunda (ou terceira) noite que rimos, comentamos, conversamos e fomos amigas. Eu e ela, como irmãs. E de como comemos doces. Eu, é claro, mas ainda doces. Amizades.

terça-feira, 29 de abril de 2008

Como ninguém.

Partiu,
e me deixou em tantas pelo chão.
Tentei voltar, mas era hora de seguir.
E fui, sem querer te olhar, sem que pudesse ver a um palmo.
Não mais queria aquilo que me corrói,
que passou tocando meus cabelos sem dizer uma palavra.
Em vão, agora brasas queimadas a toa,
nunca mais sopradas ao meu ouvido ou aos meus olhos.
Não te quero mais.

segunda-feira, 28 de abril de 2008

"Vila do Sossego"

Nos momentos tão instáveis,
nas agonias e desesperos,
te olhar me acalma.
Eu não demonstro nada,
e fica como se tudo estivesse bem,
como se nada tivesse me abalado,
ou pudesse o fazer.
Ali eu ficaria, com medo do depois
mas ansiosa por te ver de novo
e me sentir assim tanto quanto preciso fosse.
E o que é preciso, não posso deixar
de ter como necessidade primeira,
aquilo que é intrínseco e que foge a
toda e qualquer definição.
Aquilo que parece suprir essa solidão
que se alastra, afeta e não mais agrada.
Mas o medo de perder isso que muito me acompanhou,
cala minha voz, só deixa palavras mudas,
fecha meus olhos e me traz tua imagem.
Tudo o que tento tirar das idéias
faz surgir outras novas e mais fortes,
se atrapalhando a cada segundo
por te querer tanto.

domingo, 27 de abril de 2008

Soneto para o Surrealismo.

Eu queria não olhar pra você e imaginar tanta coisa.
Queria não sentir ciúmes quando você acaricia os cabelos dela.
Eu queria ser mais capaz e conseguir não te ver de um modo surreal.

A minha verdade tem o mesmo nome da sua, e é o seu que ela toma.
Que mal fiz para me encantar com pouco (ou assim o determino para me convencer) e tentar vencer calada ?
A esperança é a única coisa que morre agora e na verdade, para tentar não sofrer, eu a mato a cada dia de um modo diferente, mentindo a sua verdade com a minha.

Não condiz.
Você deve ser uma mera criação para amenizar a minha ansiedade.
Você está aqui do lado apenas para suavizar a sede de olhar algo e sentir compleição enquanto o suprimento não chega.
É possível esquecer alguma coisa em 30 dias ?

Ver uma verdade maior que a que julgo ser sua pode ajudar e talvez seja o necessário.
Você é uma criação da minha mente para amenizar a impaciência,
mas nem sempre ela cria coisas com sentido.
Vai ver olhar pra você não tenha nenhum fundamento e o menor sentido concreto.
Assim espero.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Tocando em Frente.

Como a gente as vezes se esquece de pessoas tão importantes na nossa formação, fora pai e mãe... é incrível e inacreditável.
Vocês eram aquele grupo inseparável na escola e até mesmo fora dela. Eram aquele grupo coeso e sincero, brincalhão e competente, faziam de tudo brincadeiras, piadas e ainda assim conseguiam ser sérios.
Provas com consulta, trabalhos, cinema, amores platônicos, brigas, intrigas e dias de frio. Tanta coisa era parte daquele cotidiano feliz, mas ninguém se dava conta do quanto aquilo moldaria cada um que fez parte do grupo, de como aquilo um dia faria falta. Agora, tanto tempo depois...onde foram parar ? Onde estão os ombros nos quais podíamos apoiar, as mãos com as quais podíamos contar e os segredos os quais podíamos compartilhar ?
Um está em Minas. Outro em São Paulo. Outro ficou em Mogi das Cruzes. Mas..eram só esses ?
Sim. Só os 3 restaram. Só os 3 quiseram recuperar o tempo perdido. Quanto tempo se passou mesmo ? Desde que o primeiro foi embora ? Nossa..mais de 5 anos.
E tudo foi passando sem que você pudesse compartilhar com eles a nova fase da vida, sua adolescência. Ela pareceu tão comprida...que surpresa ! Já está no seu fim...Assim como o grupo que adornava os dias feios e cinzentos daquela cidade que não era sua, né ?
Não, pensando melhor, o grupo está voltando. Só com os 3. E os 3 fazem a força. É só pensar em uma mesa...ela não se sustentaria com apenas duas pernas ou uma só, certo ? 3 é o último número na contagem deles. 3 é o primeiro e último número. Triângulo. De Pascal. Mineiro.
Hoje não é possível pegar o carro e chegar em no máximo 10 minutos à casa de algum desses amigos. Algumas horas os separam. Agora as reuniões se dão por email, MSN, pensamento. Frios métodos de reparar a saudade, mas os melhores que por enquanto a suprem.
Saudosismo, melancolia e sorrisos distantes agora se fazem no rosto de cada um deles. Não ao mesmo tempo, mas em momentos que remetem aos acontecimentos de outrora.
Aquele dia em que músicas, piadas e brincadeiras com o nome estranho ou a atitude do professor foram feitas; trazem o riso inocente de volta. Aquele dia em que vocês se desentenderam porque um queria ser um astro de rock e o outro, o Fernando Pessoa; trazem o arrependimento. Aquele dia em que todos choraram pela separação, mas que não deixaram na última foto transparecer nada mais a não ser a "panelinha", a "corja", o "trio parada dura"; trazem vocês.

Quanta saudade.

sábado, 19 de abril de 2008

I Believe I can Fly.

O que se deve fazer quando você parece ouvir alguém sussurrar no seu ouvido coisas como "não desista agora" e outras frases que acalmam o coração ou que te avisam, ou ainda que te aconselham ?
Acreditar.
Se se tem fé, acreditar é o caminho. Se isso parecer loucura na hora, pode ser que depois aquilo se concretize, portanto, não deixe de acreditar e nem vá com tanta certeza. Apenas dê um voto de confiança àquela voz interior.
Mas, na verdade essa "voz interior" as vezes causa o surgimento de perguntas como: de onde é que eu tirei isso ?; o que é isso que me move ?; de onde vem isso ?; entre outras. Há quem diga que isso seja o inconsciente, ou até mesmo o consciente trabalhando monitorado pela vontade da pessoa. Eu gosto de acreditar que isso sejam mensagens de luz (quando ditas em momentos de necessidade, dúvida ou qualquer outro em que se precise de um sinal ou resposta), dos anjos da guarda, ou até mesmo de Deus. Pode aparecer quem discorde de mim, mas como eu disse, quem gosta de acreditar, sou EU.
Quando não se sabe o que fazer, e não se tem resposta alguma sobre que direção tomar, as vezes essas vozes vêm e te dão diretrizes. Mais do que simples intuições, elas as vezes salvam vidas e é por essa e outras razões que eu não as descarto sempre ou completamente. Se elas forem muito fortes, tenho que dar uma atenção pois elas geralmente estão certas.
Embora eu fale disso com certa conviccção, mais uma vez eu friso que poderá haver quem não concorde com nada disso e até ache besteira um post gasto sobre coisas "abstratas". Mas eu garanto que uma hora, quem discorda disso, acaba acreditando. A não ser que seja cético ao extremo e ache que tudo é uma mera coincidência.
Pensando agora, creio que eu acabaria entrando num ponto em que crenças divergeriam bastante, e isso não é algo plenamente discutível. Não há como ter um consenso sobre princípios, cada um fortalece e estabelece os seus.
Eu gosto de acreditar. Acreditar nas pessoas que me oferecem essa possibilidade. Acreditar em Deus e no Seu poder. Acreditar nos sentimentos e na pureza deles. Acreditar na vida.
Acreditar pode ser algo extremamente benéfico, prazeiroso e é a partir disso que se gera a confiança. Quanto mais você vê que pode acreditar, mais você confia e sabe que aquilo não trará nada inacreditável, ou seja, que traia, que vá/seja contrária a tudo que você acreditou. Mas há exceções, como sempre. Se acontece algo oposto ao que você sempre acreditou, sua confiança cai por terra e você se sente traído. É difícil de acreditar de novo. É difícil de recuperar o que se perdeu e as vezes, isso não acontece. Se você passar por isso e perder a confiança de alguém que ama (veja bem, DE alguém, não EM alguém), e conseguir recuperá-la..faça de tudo pra mantê-la. Respeite aquela pessoa e seja digna de receber a confiança dela. E isso é uma das coisas mais importantes, afinal..tudo na vida é recíproco, o que se planta...uma hora se colhe.

Acredite se quiser.

PS: O título é qualquer coisa de mal escolhido, mas melhor que nada.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Esqueceram de Mim II

É tão difícil conseguir manter a cabeça erguida e um sorriso nos lábios quando certas coisas tentam te deixar pra baixo. E isso é ainda mais fácil quando se falta alguma coisa, quando não se tem algo ou alguém e se deseja isso tanto quanto tenho desejado.
Se me perguntarem: você é feliz, ou te falta alguma coisa ?
Eu responderei sinceramente que sou feliz e grata por tudo, mas também me falta alguma coisa. E hoje um professor meu falou disso...CTA (Carência ... Afetiva), e é verdade, eu concordo...é bom se sentir querido, amado, estar em um lugar onde lhe querem bem e com pessoas importantes.
Não sei se isso é causado por toda essa alteração hormonal que, nós, mulheres, sofremos todo mês, mas as vezes parece que todo mundo é feliz nessa questão, mas alguém acabou ficando esquecido. E no caso, esse alguém sou eu.
Digo isso pois...todo o meu otimismo em relação à possiblidades amorosas foram sendo descartadas por si mesmas, sempre apareciam fatos que sabotavam todas essas possiblidades. E agora eu não tenho nenhuma.
Me disseram que a força do pensamento é incrivelmente capaz de mudar as coisas, mas...o quanto eu imaginei estar com alguém e ser querida por ele, já deveria ter mudado alguma coisa. Ou ainda vai mudar. Não sei.
A intuição vai me levar agora e eu não tenho mais medo, afinal, não tenho o que perder. Ela me diz pra esperar só mais um pouco, que se depois desse pouco ainda assim não conseguir nada...focalizar outras coisas.

Eu ainda tenho medo. Sim.

quinta-feira, 27 de março de 2008

No fear.

Ter medo de dentista é uma coisa. Mas de avião deve ser pura paranóia devido aos dois acidentes ocorridos aqui no Brasil em menos de 1 ano. E os dois foram tragédias, com nenhum sobrevivente. Só isso já causa uma certa trava mental, psicológica e, no meu caso, só de falar em aeroporto, ainda mais de São Paulo, eu já fico um tanto quanto...perturbada.
Mas, de onde vem essa paranóia, que se transforma em medo e tensão ? Dizem que a maioria das coisas é psicológica, então nesse caso um trabalho de auto-controle deve ajudar. O problema é saber utilizar corretamente esse auto controle, porque do contrário você pode acabar piorando a situação.
Com dentistas é o exemplo mais claro disso. Eu sento na cadeira, ele olha como está tudo, aí se prepara. E me pergunta:
- Quer anestesia ?
- Vai ter motorzinho né ?
- Vai.
- Então pode colocar. Mas coloca bastante, se possível pra amortecer o som também.

Porque, uma coisa eu já concluí. Um dos grandes causadores do meu pavor dos Doutores-da-Boca, é o som. O som daquela broca, mesmo sem estar em contato com o dente me faz ter arrepios profundos. Quando ele encosta aquilo no dente, eu simples e involuntariamente cruzo meus braços e fico dura. Pareço um sarcófago de tão tensa que fico, e o pior é que eu, tendo tanto medo da dor (que é o outro grande fator-causa), começo a tremer. Mas não é uma tremidinha daquelas de mão, e nervosismo. É o corpo todo, da cabeça até os pés. É desesperador.

Hoje em dia, parece haver um complô (ou deve ser minha imaginação fértil contra os dentistas) entre Odontologia e Alimentação. Porque...antigamente, primeiro ninguém ficava acima do peso fácil e outra: os dentistas eram privilegiados, justamente por haverem poucos e pouco trabalho para eles ! Os alimentos não eram tão perecíveis quanto hoje. (Aliás, hoje o que é feito para durar ?)
Agora não, em toda esquina tem algum cirurgião dentista, algum ortodontista, enfim...a boca está na era de aquário: o que ela quiser, vai conseguir. Consultórios são como os salões de beleza: todo lugar tem um.
É por isso que eu prefiro adquirir uma mania maior de escovar os dentes (tipo 6x por dia) e não comer coisas que os prejudiquem a curto prazo. Dentista pra mim é sinônimo de dor nos ombros, taquicardia e tremedeira.

E que ironia, depois disso tudo, ainda tenho que sorrir pra ele
.

sábado, 22 de março de 2008

O Último Romântico.

O que tem acontecido com os bons costumes do romantismo ?
Tantas mulheres reclamam que não há mais homens como antigamente, que mandavam flores, bombons, bilhetes, que davam carinho, se importavam e as colocavam em primeiro lugar, mas quando aparece um para quem elas podem dar seu amor, tão especialmente guardado, elas não querem namorar, trepudiam, são insensíveis, e por fim, não dão o amor que eles merecem em retribuição.
É triste, mas o que consola a mim, por exemplo, é o fato de que para cada pessoa tem um par certo, um "número primo" (que só se divide por um e por ele mesmo, vê se não faz sentido !). Portanto, mesmo que as pessoas não gostem de ficar sozinhas, muitas vezes por medo que isso perdure por mais tempo, as vezes é preciso dar um tempo ao coração e refletir sobre as pessoas que já passaram por sua vida, e as que ainda virão, agradecer por isso e quando a hora chegar, é perfeitamente possível saber que aquela vez é diferente, aquela pessoa é diferente, o seu momento "diferente-a-cada-dia" finalmente chegou.
Ficar afobado querendo que isso chegue, só piora a espera. Se dedicar a outras coisas é muito bom e ajuda a amenizar a ansiedade. E digo isso com propriedade, por experiência própria.
Assim como homens românticos, a maioria das mulheres ainda também é, e muito, então a esperança não pode estar perdida. Há exceções às regras em tudo o que vivemos, e com isso não seria diferente. Não acho, porém, que gestos como dar flores, mandar bilhetes/emails/cartas, ligar (de manhã, pra acordar, de noite, antes de dormir, enfim...), etc, sejam unicamente de dever masculino. Homens também têm sentimentos, e agradar o ego deve fazer bem não só às mulheres, mas a eles também, então, eu acho legal e de um carinho enorme, nós, mulheres fazermos essas coisas.


Ainda há lugar para o romantismo no mundo, sim. É só a panela encaixar na tampa.

PS: Esse texto é dedicado a um dos últimos românticos que conheço. Bruno Alberti ! :)

domingo, 9 de março de 2008

Lividez

Como a natureza faz tudo perfeito...é de se admirar !
A própria essência da palavra já significa ser pura, límpida, clara e sem mais aditivos.
Ela, assim como o resto das coisas, o resto das essências, foi criada por Deus e se liga intimamente a absolutamente tudo. Às pessoas, animais, plantas, criações, lugares, enfim...a naturalidade é tão mais bonita e mais esperta que forçações ou ilusões...

A beleza é de fácil percepção exteriormente, na maioria dos casos, e é nesses em que ela também precisa aparentar, à primeira vista, estar implícita, subentendida, para que em um aprofundamento, ela possa revelar o seu trabalho no interior. E não há nada mais belo do que uma beleza interna lapidada...é encantador !
Sendo ela assim, na sua base, as coisas se tornam mais simples. Ela também possui defeitos e ainda assim consegue chamar a atenção.
Pergunte-se: vale mais uma carapaça moldada aos preceitos advindos da sociedade, ou uma túnica leve e sedosa feita dos seus princípios e natureza boa ?

A natureza é tão verdadeira que quase não tem definição. É difícil conseguir esmiuçar essa palavra e explicar como ela age.
Eu só posso dizer que ela, assim como Deus, sabe fazer as coisas na hora certa, e pensando melhor, ela é o instrumento fundamental Dele, logo, está, também em tudo e em todos.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Estrela.

De quanta fragilidade se faz a vida ? De momentos preciosos e cuidados com amor ?
Em um mero momento, tudo isso se esvai, e como já foi dito: do pó viemos, e ao pó retornaremos. Mas, não creio que isso seja motivo para querer retroceder e ser apenas memória e voar, assim como o pó, pelo ar, até o momento em que seremos esquecidos.

Qual a vantagem de esforçar-se em vida e logo depois deixar tudo e não ser reconhecido por aquilo ? É cansaço extremo de algo insatisfatório, ou falta de alegria por vontade própria. Não há vantagem, segundo a maioria dos pontos de vista, em fazer isso. Em fazer e não colher, plantar e não amar.
Pelo quê se vai ao fundo e lá tira-se o seu bem maior, que é a vida, eu procuro não saber, afinal, cada pessoa deve saber as angústias e conflitos dentro de si. Ainda assim, se entregar às dores e tristezas é ser egoísta consigo mesmo. Não querer ver saídas para aquilo e, sem direito, se julgar e desligar ligações tão importantes que o mantêm vivo.
É triste pensar que tanta coisa pode ter sido desprezada, disperdiçada e não vivida. Conhecimentos vindos tão cedo e pouco usados, ou usados para o egoísmo próprio. Em benefício da tristeza, da mentira para concluir algo tão sombrio e aterrorizador das pessoas que o amam. O que fazer agora que tudo passou ? Que a nuvem que te levou se dissipou... Ninguém consegue entender direito a razão de tudo isso.

Mas o ser humano é uma caixa com supresas agradáveis e desagradáveis. O lado psíquico não é fácil de ser entendido, como quando alguém se olha no espelho e se vê desfigurado, vê coisas que aos olhos reais, não existem. O que acontece para tal visão permanecer ? O que se passa na cabeça de quem vê isso ? Freud não explica, Einstein também não, Platão não poderia e Paulo Coelho muito menos.
"Deixa assim ficar subentendido..." é a única solução, pois ninguém nunca vai saber o que realmente acontece (ou aconteceu), o que realmente se pensa (ou se pensou) a não ser que presencie ou tenha tais pensamentos.
O que leva o mal a chegar tão perto e as vezes dar tapas com luva de pelica, deve talvez ser a porta que é aberta, destinada a sorte, mas que ficou distorcida. Tanta coisa não vista, não revelada e se quer relevada.


As vezes, o ato de chamar a atenção vai longe, e além da atenção alheia, a própria também é atiçada, porém, acaba sendo tarde demais.


Na minha humilde crença, o arrependimento é maior do que a satisfação ou a idéia de livramento de tanta dor.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Um e um são dois, menos dois, é zero.

Por que motivo as pessoas se ofendem com pequenos comentários, ou as vezes uma simples indignação por algo feito a elas sem explicação ? Há a permissão de não gostar de alguma coisa e falar, sem que isso seja encarado como crítica ?
Depende da índole de cada pessoa, e do bom senso dela em receber algum comentário e se explicar, não tomando-o como crítica. É simples ter uma conversa que pode acabar somente pelo esgotamento de assunto, e não por uma das partes se sentir ofendida.
Mas, no caso, como se deve agir frente a uma situação dessas ? Eu, particularmente, prefiro o silêncio a tentar remediar e acabar com uma resposta atravessada da outra pessoa. Mas, ela vai saber que essa minha atitude é apenas defesa e não indiferença ? Não. Ela pensará em diversas possibilidades e que no caso, culminarão na única de que: "eu fiz o que achei certo, no tempo que pude/consegui. Você não tem consideração pelo que eu faço, e em troca de tudo, recebo isso". Mas, no final, as duas partes acabam se desentendendo ou pela falta de comunicação ou uma falha na mesma, as vezes ocasionada pelo bom senso defasado.

Ninguém tem culpa quando os dois erram. É como na matemática, fatores iguais em membros diferentes, se agrupados, se cancelam ( 3 = 3 -> 3 - 3 = 0).

domingo, 17 de fevereiro de 2008

Conexão

Quão incrível é encontrar alguém que sintetize, ou fale coisas que você sempre acreditou, ou que baseiam seus princípios, mas que você nunca conseguiu exprimir, nunca teve oportunidade de frisar ou deixar claro pra alguém ou em algum lugar ?
É absurda a semelhança entre pessoas, mesmo quando elas não estão tão próximas, ou ainda não se encontraram. Eu ainda assim, acredito que Alguém sabe de tudo isso e não didiviu tais semelhanças igualmente em vão.
É claro que, invariavelmente, há muitas pessoas parecidas, e por isso, se unem de alguma maneira, por elos distintos, sejam esses de amor, amizade, fraternidade, de pai, mãe, primo, colega de trabalho, enfim...sempre há uma razão pela qual pessoas se unem. Há um motivo maior, alguma coisa que move, estimula e faz essa razão ser comum, é a liga principal do elo, e se bem fortalecido, se torna difícil de ser quebrado.
O que se faz pra conseguir fortalecer esses laços, vai de cada um, mas é essencial a pureza de sentimentos, a confiança e a sabedoria adquirida com as experiências. E isso também pode ser um motivo pelo qual pessoas se tornam próximas.

Simplesmente, pra tudo há um motivo.

sábado, 16 de fevereiro de 2008

Obsessão.

O que será o vício ?
Algo incrivelmente avassalador, muitas vezes prejudicial, algo incansavelmente insuperável e insaciável.
Vício de muitas coisas: de amor, sexo, televisão, trabalho, drogas, tecnologia, música, alguém, chocolate, açucar, bebida, sapatos, enfim..qualquer coisa hoje, pode se tornar um vício. Apesar de a nova realidade ser praticamente descartável, parece-me que as pessoas tendem a se agarrar nessas coisas, acabando por se jogarem dentro delas, por medo de também serem descartadas.
De tal modo, acabam sendo pois não se dedicam a muita a coisa a não ser alimentar o vício, que mais adiante se torna doença.
Uma coisa é gostar, praticar, amar, usar e fazer, de modo saudável, saber limites, os impor e cumprí-los. Outra coisa é se impressionar com o sentimento de prazer, proporcionado por determinada ação e daí não ver mais nada e sequer o caminho de volta. Portanto, dosar as duas coisas tem uma linha muito tênue, que custa a ser vista se não há princípios bem formados.

O vício é algo que se confunde com outras coisas, como a obsessão. Não há limites pra nenhuma das duas, cada vez mais a pessoa se enterra naquilo, se acha no direito de fazer da vida o alimento disso e não admite que as pessoas digam o que fazer, ou que ofereçam ajuda. Elas não precisam, e gritam isso a quem quiser ouvir. São normais.
Aos olhos de quem ? Deles mesmos, obviamente. Que, no caso, estão, parcialmente sem visão real, o que acarreta todos os problemas possíveis e impossíveis que uma pessoa pode vir a ter.

Não existe vício saudável. A própria palavra não é de significado positivo, e logo, se existir um vício saudável, haverá uma contradição e das mais sérias.
Sinceramente, não sei se há solução aparente...deve haver, afinal, pra tudo dá-se um jeito nessa vida, então, pra isso deve existir resposta.
Eu mesma não sei qual seja, mas tem um vício que tá me chamando e atraindo e eu quero só um pouquinho dele.
Amor.

Faith.

A vida é decidida de fato pelo destino ? Ou nós mesmos temos a possibilidade de modificá-lo ?
A sorte é fator significativo em todas as ocasiões ?

Eu creio que muita gente não sabe usar a sorte a seu favor, e consequentemente, se sente tolhido, azarado e a partir disso, desiste de tentar, de lutar, de querer, se sonhar.
Isso é muito triste, porque acaba mostrando o quanto a visão das pessoas é limitada. Eu assumo que já fui assim um dia, mas agora só desisto, ou deixo alguma coisa "pra lá" quando vejo que não tem solução alguma, as opções estão escassas e outras oportunidades apareceram.
O grande segredo de se ter sorte é fazê-la aparecer, liberar caminhos pra que ela venha e faça a sua parte. No mais, é nosso dever agir com o que nos é possiblitado, o que está ao nosso alcance pra conseguir o êxito desejado. Nada na vida é complicado a não ser que assim você faça ser.
Não há fórmulas milagrosas, nem soluções mirabolantes pra conseguir ser feliz. A verdade é que a felicidade se encontra nas pequenas coisas, nas pequenas pistas. Daí cabe a você cavar cada dia um pouco pra, no tempo certo, ter a felicidade completa.

Outra coisa que é importante, é o sentimento com que se fazem, iniciam, completam, se dedicam a uma coisa. O sucesso, por exemplo, que está ligado, a maioria das vezes à felicidade, é assim. Ele pode vir, chegar de modo meteórico, por meio de ações ilícitas e atitudes descompensadas. Mas, ele logo irá embora. Essa é a lei das coisas. Nada vem de graça, sem esforço e muito menos sem amor. Se você se dedica plenamente a alguma coisa, faz com sinceridade, amor e prazer, o sucesso, invariavelmente virá. E se souber como agir, ele vai perdurar pelo tempo que você mesmo vai determinar. Geralmente, ele vem, e não vai.
Daí tira-se conclusões: é melhor saber aproveitar as oportunidades ofertadas, com humildade, ou agir inconsequentemente e querer o sucesso a qualquer custo, sem dificuldades ao longo do caminho ?

No nosso caso, vamos aproveitar a mais nova oportunidade que apareceu há poucos dias, agir de modo correto e fazer, é claro, tudo o que for possível, com todo o coração pro sucesso vir, mas deixando a decisão final a cargo de Quem conhece-a melhor que todo mundo.
Tirando o fato de que o post ENORME que eu havia escrito, com todo o meu sentimento, foi deletado...eu adoro começar um blog com essa recepção calorosa !