domingo, 27 de julho de 2008

Pergunto-Te.

Ah, tanta tristeza me embala
tanto amor disperdiçado,
quanto mais de indiferença ?
Por que a minha vez é chegada ?
Não há nada que possa me completar,
sinto um vazio que insiste em me querer.
Ainda assim, não consigo Lhe ser grata,
sou incapaz de altruir e aceitar-me assim.
Minhas pernas ficam bambas,
minha respiração falha,
minha cabeça lateja.
Ah, Vitória ainda distante !
Ah, Vitória tão semelhante ao paraíso...
Vitória e não mais derrota.
Suplico-Te que não mais faças isso comigo,
Clamo-Te o quanto posso e o quanto puder,
o farei até pacificar meu ser e minha alma.
Me dê a chave de Seu amor para chegar até o meu.
Quero tanto o que posso, mas ainda não é hora,
quebrarei e sabotarei meus relógios para não ansiar demais.
Quero não sentir Teu abandono,
fique comigo e me tire o frio,
me aqueça e tenha misericórdia,
não me traga mais lágrimas,
seque a dor onde me afogo.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Sobre a 1ª vista em São Paulo.

Eu me perguntei seriamente, onde é que poderia parar o desinteresse, a ignorância e a ganância das pessoas. Pensei que coisas como aquelas só eram mostradas na televisão. Que as áreas onde aquilo se escondia, era longínqua demais para aviltar nossos olhos. Mas, errei.
Quando acordei, vi barracos, literalmente embaixo de minha janela. Todos feitos de compensado barato e já apodrecidos pelas chuvas. Entre os sobrados, um chão de lama com um pequeno córrego de água suja. Um carro parado, um outro andar de cima destruído, instalções elétricas arraigadas e precárias, e lixo.
Os carros, na Marginal Tietê, passavam devagar naquele intenso fluxo causando um ligeiro congestionamento já as 7:30 da manhã. Ninguém parecia se importar com aquela vista e creio que já se habituaram.
Em outro trecho da cidade, uma praça tinha seus bancos e árvores tomados por mendigos. Uns tentavam achar posição para dormir em cima do concreto e com o vento frio da manhã em suas faces. Um estava encolhido no chão, sentado, riscando o mesmo como se esperasse que alguém viesse tirá-lo dali. Outros, se juntavam ao redor de uma árvore com uma copa grande e ficavam ali. Ali apenas.
Depois dali, já no enorme Terminal Rodoviário do Tietê, vi todos os tipos de pessoas aguardando para irem a diferentes destinos. Passei por eles, sem que ninguém me olhasse tanto, a não ser pelo meu cachecol vermelho, assim como meu tênis, e em destaque no meu casaco preto, grosso, até os joelhos. Fora isso, eu era mais uma pessoa, assim como eles gostavam de se sentir. Passei com minha mala e fui esperar o outro ônibus. Vi uma família, dois filhos pequenos, uma mãe agarrada ao braço do marido, quieta. Ele gritava com um dos meninos para que ele não saísse correndo. O outro, já maiorzinho, aparentava ter 5 ou 6 anos, também se mantia como a mãe: de cabeça baixa e quieto. O menino menor, pulava e puxava a mão do pai. Queria sair correndo e desbravar todo aquele mundo contido numa parte de São Paulo.
Mas, veria ele, com seus olhinhos novos e brilhantes, toda aquele tristeza se contrastando com sua alegria por ver tantas coisas novas ? Será que ele se acostumaria com a pobreza, a sujeira, o descaso e à má vontade para com aquela situação ?
Provavelmente sim.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Preguiço.

Procrastino.

Procuro.

Pacatizo.

Padeço.

Passo.

Peco.

Peço.

Pelo amor.

(de) Deus.

terça-feira, 1 de julho de 2008

Sobre o Cara Esquisito da Rua Principal.

Era um sujeito alto, muito mais alto que o normal. Usava uma camisa rosa, alinhada e cheirando a amaciante e sabão em pó.
Sua calça era azul-marinho, condizente a todo seu tamanho, e seus sapatos tinham solados de borracha. Não faziam muito barulho e afinal, ele andava no asfalto. Pelo meio da rua.
Seu rosto não era totalmente figurável, pois ele levava nos olhos óculos grandes e provavelmente, fora de moda. Deviam ser de grau e de sol ao mesmo tempo e eram realmente grandes.
Ele levava consigo, uma bolsa de couro, escura. A levava com a alça transpassada em seu peito magro e em conflito com seu quadril, que seguia por suas pernas compridas.
Sua pele branca se escondia atrás de uma barba farta e castanha clara, quase loira, com um bigode bem aparado. Seus braços eram compridos e dançavam pelo ar enquanto ele andava do seu modo peculiar. Pelo meio da rua.
Aparentava ser novo, porém com algo de senil e antigo. Aquilo tudo poderia ser um disfarce. Não era uma figura normal e facilmente identificável. Era aquela pessoa para qual tem-se que olhar e continuar olhando, pois cada detalhe representa alguma coisa fora do conjunto.
Passei por ele e continuei olhando. Mas ele parecia não ver. As vezes, se fez de cego para disfarçar a visão. Própria e alheia. Quis evitar de ser fitado e ter de fitar em retorno.
E assim ele continuou andando, ao meio-dia, sob o sol. Pelo meio da rua.