quinta-feira, 17 de julho de 2008

Sobre a 1ª vista em São Paulo.

Eu me perguntei seriamente, onde é que poderia parar o desinteresse, a ignorância e a ganância das pessoas. Pensei que coisas como aquelas só eram mostradas na televisão. Que as áreas onde aquilo se escondia, era longínqua demais para aviltar nossos olhos. Mas, errei.
Quando acordei, vi barracos, literalmente embaixo de minha janela. Todos feitos de compensado barato e já apodrecidos pelas chuvas. Entre os sobrados, um chão de lama com um pequeno córrego de água suja. Um carro parado, um outro andar de cima destruído, instalções elétricas arraigadas e precárias, e lixo.
Os carros, na Marginal Tietê, passavam devagar naquele intenso fluxo causando um ligeiro congestionamento já as 7:30 da manhã. Ninguém parecia se importar com aquela vista e creio que já se habituaram.
Em outro trecho da cidade, uma praça tinha seus bancos e árvores tomados por mendigos. Uns tentavam achar posição para dormir em cima do concreto e com o vento frio da manhã em suas faces. Um estava encolhido no chão, sentado, riscando o mesmo como se esperasse que alguém viesse tirá-lo dali. Outros, se juntavam ao redor de uma árvore com uma copa grande e ficavam ali. Ali apenas.
Depois dali, já no enorme Terminal Rodoviário do Tietê, vi todos os tipos de pessoas aguardando para irem a diferentes destinos. Passei por eles, sem que ninguém me olhasse tanto, a não ser pelo meu cachecol vermelho, assim como meu tênis, e em destaque no meu casaco preto, grosso, até os joelhos. Fora isso, eu era mais uma pessoa, assim como eles gostavam de se sentir. Passei com minha mala e fui esperar o outro ônibus. Vi uma família, dois filhos pequenos, uma mãe agarrada ao braço do marido, quieta. Ele gritava com um dos meninos para que ele não saísse correndo. O outro, já maiorzinho, aparentava ter 5 ou 6 anos, também se mantia como a mãe: de cabeça baixa e quieto. O menino menor, pulava e puxava a mão do pai. Queria sair correndo e desbravar todo aquele mundo contido numa parte de São Paulo.
Mas, veria ele, com seus olhinhos novos e brilhantes, toda aquele tristeza se contrastando com sua alegria por ver tantas coisas novas ? Será que ele se acostumaria com a pobreza, a sujeira, o descaso e à má vontade para com aquela situação ?
Provavelmente sim.

Um comentário:

Anônimo disse...

Nem conheço Sampa. Sou bicho do paraná, mas acabei de visitá-lo pela tua ótica rica em detalhes e vestida duma capacidade que só se conquista com muita leitura sóbria. Acho que ainda vou ler alguns livros seus no futuro. Quero ser assim quando crescer.