segunda-feira, 12 de maio de 2008

Carinhoso

- Olhe só... modelos de carta de amor ! Existe isso...estou impressionado.
- Ué... não acho que deveria ficar. O que é que não tem padrão, modelo e regra hoje em dia ?
- O amor...
- E como você sabe ? Já teve um ?
- É...bom...não. Mas eu imagino.
- Ah, imagina... e por que nunca o teve ?
- Como é que vou saber ? Vai ver ele anda escasso, ou ninguém quis me dar.
- As vezes você não o quis.
- ( Surpreso, sem reação )
- Diga se é mentira.
- Não, não é. Em muitas fui indiferente e recusei isso. Convenções e conceitos inexplicáveis...
- Bom, não posso falar por mim, afinal, eu amo. ( Suspiros )
- Ama mesmo ? E quem seria o merecedor de todo esse zelo ? ( Sorriso tímido )
- Ah... a melhor pessoa do mundo ! Alguém maduro, com princípios, consciência, atenção, interesse, inteligência...
- Nossa ! Mas é o Príncipe Encantado ! ( Risos )
- Não, isso não existe. Só existem os cavalos brancos. E ele é apenas quem me roubou o coração.
- Não devolveram o meu da última vez, eu acho... ( pensativo )
- Como isso ? ( curiosa )
- Ela me roubou, zombou e não voltou.
- E onde anda essa criminosa ?
- Ah, amando por aí. Gostaria que ela me devolvesse... sinto falta de sentí-lo batendo.
- ( Comovida ) Meu Deus... isso não é coisa que se faça !
- Mas foi feito. E de mim foi feito nada. Desde que a conheci, só sinto meu coração de longe, afinal ela o tem para si... mas sinto-o bater forte quando ela está perto. Fico confuso, pois as vezes parece que ainda o tenho, tão logo não mais o sinto quando ela se vai.
- ( Leva a mão e o rosto ao ombro dele ) Por que ela faria tal coisa justo com alguém como você ?
- ( Dando de ombros ) Não sei. Mas...me diga, e esse dono de seu amor ? Lhe deu o coração assim como você ?
- Sim... mas não o tenho perto de mim. ( Triste, abaixa os olhos )
- Mas, como pode amar alguém que não está perto, junto para compartilhar ?
- Não sei. Mas ele tem a mim e a meu coração...e como tem !
- O que posso fazer para te ajudar ?
- O que eu posso fazer para te ajudar ?
- ( Risos. Um segura a mão do outro )
- Talvez pudesse devolver-me...
- Para quê se já tens o meu ? ( Coloca as mãos juntas sobre o peito dele ) Sente ?
- Sim... finalmente sei o que há ! É ele que bate ao te ver com meu coração !
- É você que se afasta de mim...
- Tive medo.
- Mas agora sabe onde ando.
- Sim, e sabes que estou perto, bem junto.
- E você não perdeu seu coração, tenho cuidado bem dele.
- Agora cuidará de mim ?
- Sim... ( sorriso largo ) Te protegerei. Não se preocupe.
- ( Abraço apertado ) Tenho aula agora...
- Tudo bem. Até logo, vida.
- Vida ( sorrisos )

2 comentários:

Anônimo disse...

Linda! Você é linda.

Léo Abrão disse...

Li, e enquanto lia, ouvia Caetano Veloso. As duas coisas combinaram e fiquei sensibilizado pelo seu texto. Leve, suave e com um final bastante interessante, delicado e inesperado. Gostei muito da forma como você passou do diálogo despretensioso à declaração de amor. O texto ganhou um ritmo peculiar, pelo inesperado e pela singeleza. Além disso, algumas frases têm um imenso potencial poético, como "tão logo não mais o sinto quando ela se vai". Parabéns, parabéns mesmo :-) Escreva sempre :-)